Fundação Dorina Nowill e Datafolha apresenta que 57% das pessoas com deficiência visual (cegos ou com baixa visão) têm interesse pela leitura, mas ainda possuem dificuldade para encontrar essas publicações.

Fundação Dorina Nowill para Cegos apresenta resultados de pesquisa Cenários da Leitura Acessível, realizada pelo Datafolha, sobre acessibilidade e leitura lançado em meados de agosto deste ano. Levantamento contou com análises quantitativas e qualitativas e traça perfil de pessoas com deficiência visual com práticas de leitura. Quem possui esses hábitos, em geral, são mulheres de escolaridade elevada.
Esse estudo está em sua segunda edição e consultou 261 pessoas de todo país entre dias 02 e 20 de julho, sendo a primeira edição em 2012 feito pela Ipsos.
Entre os locais onde buscam informações sobre livros disponíveis para pessoas com deficiência visual, estão as instituições especializadas e as bibliotecas. 39% dos entrevistados costumam ler todos os dias, 57% têm interesse em livros e 71% deles sentem prazer na atividade. Entre os gêneros literários mais procurados, estão os religiosos ou espiritualistas, que despertam o interesse de 76% dos participantes, seguidos por romances e dramas com 68%.
Entre os motivos apontados para o gosto pela leitura, estão: uma possibilidade de ampliar conhecimento, assim como conhecer muitas coisas que suprem a falta de visão (descrições, contextualizações, entender sentimentos causados pela observação visual); fonte de lazer – sonhar, experimentar sensações, ‘viajar na história’, imaginar; e o fato da leitura permitir que as pessoas ampliem visões e experiências através dessa prática, mesmo as que nunca saíram de suas cidades e Estados.
Entre os livros adaptados, as pessoas sentem mais falta de didáticos. 19% dos entrevistados sentem falta de livros acadêmicos e 80% do público costumam ler ou acessar conteúdos de jornais, revistas e artigos.
As formas como as pessoas com deficiência visual acessam os livros também foi questionado. 79% dos leitores se utilizam de algum recurso tecnológico para acessar os livros, sendo que 66% do público preferem os falados, audiolivros e PDF com leitor de tela acessível. O braile é utilizado por 34% dos leitores.
As editoras em geral ainda não produzem na leitura acessível. Somente 25% dos entrevistados atribuíram nota 9 ou 10 para a facilidade de encontrar livros didáticos, enquanto 61% avaliaram esse processo com nota 6 ou menor. Em um panorama qualitativo, esse número cai ainda mais: só 13% dos entrevistados atribuíram as duas maiores notas. Para livros de literatura geral: 33% os que avaliam com nota máxima a facilidade de encontrar o conteúdo acessível em uma mostra quantitativa e 20% em um recorte qualitativo.
Alexandre Munck, superintendente da Fundação Dorina Nowill para Cegos, pontua: “Infelizmente, os livros não nascem acessíveis, o que dificulta muito o acesso a eles. É necessário que a pessoa com deficiência visual solicite o livro acessível e apenas após a solicitação – que geralmente demora 30 dias – é que acontece a entrega do livro”.
No ano de 2018, a Fundação produziu e distribuiu 21.722 livros em formatos áudio, digital acessível e braile. Foram 164 novos títulos produzidos. “A leitura é fundamental para todas as pessoas. Por esse motivo, o livro é indispensável para o processo educacional de todas as pessoas, inclusive as com deficiência visual”, defende o superintendente.
Fonte: Setor3 | Senac São Paulo