
Texto por Daniela Fernandes Pereira
A arquitetura da informação tem sido uma atividade muito presente na minha rotina de trabalho faz alguns anos. Fazer AI é uma arte! É uma forma de transformar dados crus em informação. É o processo que dá base para o planejamento, a construção e a modelagem de sistemas… como você enxerga, compreende e recupera a informação dentro dele.
Já participei de projetos que envolviam a revisão e/ou construção da arquitetura de sistemas de cadastro de itens (estrutura mercadológica); classificação de produtos em e-commerce (categorias, filtros, remissivas, links internos, mapa do site), e; construção de websites (navegação / menu, header e footer). E espero que não pare por aí!
Uma forma bem simples de definir arquitetura da informação é: dispor as informações de um sistema de forma compreensível e organizada para efetivar o fluxo de informações. Para Rosenfeld e Morville (1998), a arquitetura da informação envolve o design de sistemas de organização, rotulagem, navegação e pesquisa para ajudar as pessoas a encontrar e gerenciar informações com mais sucesso.
Com base nos princípios da Biblioteconomia e Ciência da Informação, para construir uma boa AI, precisamos levar em consideração os seguintes pontos:
- Contexto: análise do negócio, produto, escopo do projeto
- Taxonomia: a ciência da classificação, identificação e descrição dos objetos
- Ontologia: conceito, definição, representação e relacionamento entre objetos
- Hierarquia: relações coordenadas ou subordinadas
- Rotulagem: a nomenclatura importa!
- Encontrabilidade: como utilizar aquilo que não se pode encontrar?
*incluímos aqui também design de interface e usabilidade!
#1 Contexto
“Compreende as políticas, cultura, objetivos de negócio, missão, estratégia, processos e orçamento de uma organização.” (Flávio Santana)
Diagnóstico | Informações fundamentais para dar início a um projeto de Arquitetura de Informação:
- Qual é o segmento do negócio?
- Em que tipo de sistema a AI será projetada?
- Como a AI está estruturada atualmente?
- Como está estruturado na concorrência?
- Quem são os consumidores da informação?
- Quais são as limitações?
- Quem será impactado por mudanças?
- Quais são as expectativas?
As respostas para essas perguntas deverão ser respondidas pelos stakeholders e em eventuais entrevistas com os usuários que utilizam ou utilizarão o sistema.
#2 Taxonomia
Vem do grego táxis nomos que significa arranjo e lei.
“Nós organizamos porque precisamos recuperar.” (Arlene G. Taylor)
Princípios | Classificação da Informação
- Organização
- Ordenação
- Compreensão
- Localização
- Correlação
- Padronização
Para classificar itens dentro de um universo é necessário consultar fontes confiáveis como catálogos, enciclopédias, guias especializados, tesauros, entre outros.
Para projetar um sistema de classificação, devemos levar em consideração a navegação facetada, ou seja, como podemos encontrar um mesmo objeto por caminhos diferentes, conferindo flexibilidade à estrutura construída.
A classificação em categorias foi introduzida por Ranganathan, que estabeleceu os princípios fundamentais que um objeto pode ser descrito e agrupado (PMEST = Personalidade, Matéria, Energia, Espaço e Tempo).
#3 Ontologia
Tem origem na metafísica: um ramo da filosofia que estuda a natureza e a existência do ser. O objetivo da ontologia é inferir ou descrever objetos e definir o relacionamento entre eles dentro de um domínio.
“Para ser organizada, a informação precisa ser descrita. Uma descrição é um enunciado de propriedades de um ‘objeto’ ou das relações desse objeto com outros que o identificam.” (Elaine Svenonius)
Princípios | Conjunto de conceitos e suas relações
- Universo | Domínio
- Dados
- Conceitos | Classes
- Atributos | Propriedades
- Relacionamento
- Reutilização | Compartilhamento
A Ontologia também é utilizada na área de Sistemas de Informação, Engenharia de Software, Inteligência Artificial e Web Semântica.
#4 Hierarquia
“É o modo de organizar itens por magnitude do menor ao maior, menos caro ao mais caro, ou por ordem de importância (…)” (Richard Saul Wurman)
A organização dos conceitos podem ser divididas em:
- Cadeias: relação de subordinação lógica | genérico – específico, maior – menor
- Renques: relação de coordenação lógica | determinada pelas características do objeto
#5 Rotulagem
“As palavras que escolhemos são importantes. Eles representam as idéias que queremos trazer ao mundo.”(Abby Covert)
Diz respeito ao termo utilizado para representar a informação, sintetizar e estruturar conteúdos. O termo escolhido deve ser:
- Claro: ser fácil de entender, compreensível;
- Preciso: ser definido com especificidade, breve;
- Consistente: adequedo ao público-alvo, sintaxe uniforme, tipografia padronizada.
Rótulos podem ser representados por cabeçalhos, hiperlinks, por imagem ou ícone e por termos indexáveis (como palavras-chave utilizadas em categorias, tags ou assuntos que precisam ser controlados para não serem aplicados de forma indiscriminada).
#6 Encontrabilidade
Você não usa aquilo que não encontra. Aqui é considerado a capacidade de uma informação ser encontrada/recuperada no ambiente informacional.
“A arquitetura de informações para um usuário é como um mapa para um viajante. Ambos são essenciais para a jornada e, sem eles, o usuário e o viajante se perderão.” (Sherif Amin)
Dentro do website:
- Localizável: menu, cabeçalho, rodapé
- Navegável: breadcrumbs, linkagem interna
Em mecanismos de busca:
- Indexação
- Conteúdo otimizado com palavras-chave: títulos, parágrafos, descrições, tags, entre outros.
Lembra que lá no início eu mencionei que para construir uma boa AI também precisamos levar em consideração, além dos itens mencionados acima, o design de interface e a usabilidade?
Isso porque a Arquitetura da Informação é uma atividade multidisciplinar e dentro do ambiente digital, os fatores que possuem relação direta com a experiência do usuário dentro de um determinado sistema, também são elementos muito importantes e devem ser levados em conta.
Em suma, a AI é uma tarefa complexa, que envolve a aplicação de conhecimentos diversos e requer uma visão macro sobre a atividade executada. Envolve muita pesquisa, testes e melhorias constantes em prol da satisfação dos usuários e da produtividade e eficiência dos consumidores da informação.
Fonte: Linkedin