No Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos, saiba mais sobre a representatividade na arte
Texto por Isabella Botelho
“Eu só quero que vocês saibam que a Marvel sempre foi e sempre será um reflexo do mundo que vemos da nossa janela. Esse mundo pode mudar e evoluir, mas uma coisa que nunca irá mudar é o jeito que contamos nossas histórias de heroísmo. Essas histórias tem espaço para todos, independentemente de seu gênero, religião ou cor da sua pele”, afirmou Stan Lee em um vídeo de outubro de 2017. A mensagem do autor e executivo da Marvel, morto em outubro de 2017, foi um tipo de resposta aos fãs que protestavam contra o crescente espaço dado a temas como inclusão e diversidade nos quadrinhos da editora.
Para o bem ou para o mal, o universo da cultura pop está em constante mudança. Por conta disso, o surgimento de algumas polêmicas é parte natural desse processo. Essa situação ocorre por vários motivos como, por exemplo, a dificuldade do público em aceitar algo diferente do tradicional. Um dos primeiros temas a serem abordados e que gerou polêmica para os fãs de quadrinhos foi a representatividade feminina.
Segundo a pesquisa Geek Power 2020, realizada pelo Omelete Company em parceria com a Mindminers, 63% da comunidade geek é composta por homens. Esse resultado aponta para uma velha afirmação de que o universo geek é machista, o que justifica a atitude reacionária de alguns ao verem minorias serem representadas nos quadrinhos. No entanto, a representatividade não parece ser uma brisa passageira, ela veio para ficar e tem tomado cada vez mais espaço.
Cultura e nacionalidade
Tanto a Marvel quanto a DC apostam em personagens provenientes de diferentes partes do mundo. Isso ajuda a trazer à tona diferentes culturas que não são retratadas costumeiramente, como é o caso do povo romani, por exemplo.
Na Marvel, temos a Feiticeira Escarlate como representante dos romani, assim como seu irmão, Mercúrio. A dupla também tem uma origem judia por serem filhos de Magneto. A Ásia também está bem representada com Blindspot (chinês), Armor (japonesa) e Amadeus Cho (coreano). A América Latina é o continente de origem de diversos personagens como Ventania (venezuelana), Motoqueiro Fantasma (mexicano), Inferno (colombiano) e Mancha Solar (brasileiro). A representatividade africana fica por conta de Tempestade (queniana) e Pantera Negra. Cheyenne e Apache dão voz à cultura indígena.
Já na DC, o Asa Noturna representa o povo romani. O Lanterna Verde, por sua vez, um dos personagens mais famosos da editora, é afro-americano. Miranda Tate é descendente de chineses e árabes. Batwoman representa a comunidade judaica. Atom (chinês), Katana (japonesa) e Linda Park (coreana) são os personagens de origem asiática.
Sexualidade e identidade de gênero
Representar diferentes sexualidades tem sido um tanto quanto recente por parte da indústria das HQs, no entanto, aos poucos as empresas conseguiram inserir personagens que representam a realidade da comunidade LGBTQI+. No caso da Marvel, a bissexualidade é representada por Daken, filho de Wolverine. Seus poderes envolvem ferormônios e sedução, os quais ele já usou para despertar o interesse de homens e mulheres. Wiccano, filho da Feiticeira Escarlate, e Teddy Altman, filho do Capitão Marvel, são referência na Marvel quando se trata de homossexualidade. Eles têm um relacionamento e já até mencionaram noivado. No entanto, o primeiro e até hoje principal personagem gay da Marvel foi o Estrela Polar, criado na década de 70. Deadpool, um dos principais personagens da editora é pansexual e também se enquadra na comunidade.
A DC não fica atrás e também aposta muito na diversidade. A editora aborda a assexualidade, falta de atração sexual por qualquer pessoa, através da personagem Tremor. Já a intersexualidade, variação de caracteres sexuais que inclui cromossomos ou órgãos genitais que dificultam a identificação de um indivíduo como totalmente feminino ou masculino, é representada pelo Cavaleiro Brilhante. A editora também criou Lee Serrano, um personagem não-binário, que não se identifica nem como homem e nem como mulher.
Doença e deficiência
Na Marvel, o Gavião Arqueiro traz a representatividade aos deficientes auditivos. Já Mercúrio é portador de transtorno de personalidade limítrofe, um padrão de comportamento anormal caracterizado pela instabilidade nos relacionamentos interpessoais. Um personagem bem famoso é o Demolidor, que é deficiente visual. Já na DC, a representatividade dos deficientes auditivos cabe ao Flautista, enquanto o Doutor Meia-Noite representa os deficientes visuais. Além, é claro, da Bat-Girl, que combate o crime em uma cadeira de rodas.
Fonte: Mercadizar