Entre os títulos doados pelo professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (SP) estão obras de antropologia, teologia, fotografia, artes visuais e etnologia.

O teólogo e antropólogo belga Etienne Samain doou 2,4 mil livros de sua coleção para a biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. Entre os títulos cedidos pelo professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (SP) estão obras de antropologia, teologia, fotografia, artes visuais e etnologia.
“A vida tem que continuar e os livros também. Esses livros se tornarão adultos e podem viajar, tenho confiança neles e que estão seguros junto a Unicamp e o IFCH”, diz Samain.
Os livros doados pelo belga se juntam a outros 250 mil títulos que fazem parte do acervo da Biblioteca ‘Octávio Ianni’. Constantemente a Unicamp recebe livros de pessoas físicas e jurídicas, principalmente as doações póstumas, feitas por familiares de ex-professores.
De acordo com a diretora técnica Valdinéia Sonia Petinari, a doação de Samain é a maior de uma coleção particular com o dono ainda vivo desde que assumiu o posto, há dois anos. E isso permitiu um diálogo com o doador e considerações sobre a coleção.
“As pessoas me chamam de generoso. Eu não sei se a generosidade pode ser definida como estar aberto a um futuro que não me pertence apenas, mas pertence a muitos outros”, afirma o antropólogo.
A doação de Samain é responsável por abrir uma catalogação de antropologia e imagem, já que até então, os livros eram separados por outras categorias, de acordo com a doutora em multimeios, Fabiana Bruno.
Fabiana teve as teses de doutorado e mestrado orientadas pelo professor Etienne. Ela conta que a biblioteca pessoal do antropólogo teve participação fundamental na sua formação acadêmica. “É uma biblioteca muito preciosa para antropologia visual e da imagem”, afirma.
“Tenho dado aula sobre o tema e nem todos os autores estavam disponíveis. A biblioteca do professor tem um enorme número de autores que trabalham essas relações, é uma enorme contribuição”, diz Fabiana.
Sem intenção de colecionar
Etienne Samain é natural da Bélgica e chegou ao Brasil em 1973. Em 1984 foi convidado para ingressar na Unicamp, onde foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Multimeios do Instituto de Artes até 2015.
O professor conta que a biblioteca pessoal foi adquirida ao longo da vida, de acordo com o campo de conhecimento e pesquisa em que ele e seus alunos estavam envolvidos no momento. Ele próprio apelida o acervo de “um arquivo vivo, uma memória” de sua trajetória acadêmica.
“Nunca tive nem o desejo nem o projeto de criar uma biblioteca, nunca. Ela surgiu com o tempo.”
A escolha pela biblioteca do IFCH se deu pela conclusão de que o instituto apresenta o melhor suporte de conservação e divulgação dentro da universidade, apesar de o professor dizer ter grande apreço pela biblioteca do Instituto de Artes. “Tiver que fazer uma escolha”, diz.
Fonte: G1 Campinas e Região