Na biblioteca central e nas ramais, leitores de diversas idades buscam desde os grandes nomes da literatura até os best sellers adolescentes
por Ana Beatriz Garcia

Detrás de suas paredes, suas estantes guardam universos diversos, histórias lúdicas e reais, ensinamentos filosóficos e descobertas científicas. As bibliotecas em Bauru, com cerca de 83 mil exemplares, atraem leitores de várias idades e interesses que têm se dividido entre os clássicos e os infanto-juvenis.
Esses dois gêneros são os mais procurados no município, de acordo com Marco Aurélio Octaviano, que trabalha na biblioteca central há 23 anos. “Os clássicos sempre têm grande procura, tanto por estudantes de ensino médio, quanto por leitores que gostam desse tipo de literatura. Mas os professores também vêm incentivando bastante a leitura de títulos infanto-juvenis, que têm saído bastante”, afirma o auxiliar de biblioteca e ex-diretor da Divisão de Bibliotecas de Bauru.
Com isso, Octaviano tem percebido uma presença maior de adolescentes no ambiente. “Não temos dados específicos ainda, mas temos observado que, cada vez mais, os jovens estão buscando as bibliotecas, tanto para trabalhos escolares quanto para leitura espontânea”, diz.
Para mensurar de forma mais assertiva o perfil do leitor bauruense e suas preferências literárias, a divisão ainda têm planos de integração dos sistemas das ramais com a central, já para o ano que vem (leia mais na página 44).
TÍTULOS
Por enquanto, Octaviano afirma que “Angústia”, de Graciliano Ramos, “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus, “Meu pé de Laranja Lima”, de José Mauro de Vasconcelos, “Sagarana”, de João Guimarães Rosa, “Claro Enigma”, de Carlos Drummond de Andrade, e “Quincas Borba”, de Machado de Assis, são os clássicos mais retirados da biblioteca central.
Já títulos do Pedro Bandeira, como “Droga de Americana”, “Pântano de Sangue”, “A Droga do Amor” e “Droga da Obediência”, além de “A Turma da rua 15”, de Marçal Aquino, “O Gênio do crime”, de João Carlos Marinho, “O Escaravelho do Diabo”, de Lucia Machado de Almeida, e “Poliana”, de Eleanor H. Porter, são os infanto-juvenis mais procurados.
TEMPO LIVRE
Os clássicos e as poesias são as principais escolhas de Paulo Sérgio Garcia, 47 anos. Ele é autônomo e tira meia-hora na sua rotina diária para ir à biblioteca ler um pouco. “Tenho esse costume há dois anos. Nunca fui muito de ler, mas por conta de uma doença do meu filho, em que a leitura o auxiliou muito, abri os olhos para este hábito. Hoje, já não me vejo mais sem parar, nem que seja 30 minutos do meu dia, para ler um pouco”, conta, após finalizar um livro de poemas na biblioteca central.
Quem também prefere os clássicos é a professora de filosofia Laís Dias Ramos, 30 anos. “Como tive que ler muito durante a faculdade, tive que parar com outras leituras que também gosto. Agora, estou voltando a ler os clássicos. Por ano, leio uns 10 livros”, destaca. “Sempre falo para os meus alunos sobre como é bom ter as obras físicas. A leitura não é para se sentir intelectual, mas para tentar ter outras visões de mundo. Eu utilizo até como terapia”, conclui.
No Brasil
Paulo Sérgio Garcia e Laís Dias Ramos fazem parte da estimativa crescente de brasileiros que consomem livros. Entre 2011 e 2015, o índice passou de 50% para 56%, totalizando 104,7 milhões de pessoas. A quantidade anual média de livros lidos por habitante também teve salto de 4 para 4,96.
Os dados são da última edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, de 2016 – o mais amplo estudo sobre o tema, que é realizado pelo Instituto Pró-Livro a cada quatro anos. A nova versão do levantamento está prevista para 2020.
Você sabia?
O Dia Nacional do Livro é comemorado em 29 de outubro e celebra a importância da leitura e, consequentemente, dos livros e escritores.
Fonte: JCNET