
Um chamado agudo é o sinal que marca o início do espetáculo: munida de uma sacola ornamentada com bordados coloridos, Carol Levy avisa ao público mirim que há boas histórias escondidas dentro do tal objeto, e que é preciso fazer com elas saltem dali. Em instantes, as crianças se empolgam num coro. A curitibana Flávia Scherner, mais conhecida pelo apelido Fafá Conta, propõe uma situação parecida. Com uma antena pendurada no cabelo, convoca incentivos verbais da plateia para que a engenhoca seja ativada e, enfim, capte narrativas que entrarão em sua cabeça.
Crianças na quarentena:o que fazer com filhos em casa
Diariamente, desde que foi determinada a quarentena provocada pelo novo coronavírus, contadores de histórias surgem em número crescente, via diferentes redes sociais, para representar tramas de livros infantis endereçadas a quem está em casa. Tudo tem se desenrolado com as mesmas dinâmicas de espetáculos presenciais, ainda que o distanciamento virtual — através de vídeos e transmissões ao vivo — possa gerar algum estranhamento.

— Quando comecei a fazer as lives, pensei que a brincadeira da antena na cabeça não teria sentido. E não fiz… Mas logo algumas mães me escreveram dizendo que os filhos tinham ficado bravos. Agora, fico ali sozinha, de frente para o computador, imaginando as crianças do outro lado — conta Fafá, que realiza transmissões ao vivo, de segunda a sexta-feira no YouTube e no Instagram, normalmente com textos de autores contemporâneos, como Eva Furnari, Renato Moriconi e Odilon Moraes.
Fonte: O GLOBO