Tecnologia permite que os autores tenham mais autonomia e independência na hora de ver seu texto se tornar uma obra literária
Egle Cisterna
Se, há dez anos, publicar um livro exigia toda uma peregrinação de escritores às editoras, muitas vezes não bem-sucedida, hoje, a tecnologia permite que os autores tenham mais autonomia e independência na hora de ver seu texto se tornar uma obra literária.
Para isso, existem diversas plataformas diferentes que possibilitam que, de forma prática, intuitiva e gratuita, a pessoa possa realizar o desejo de ter um livro e chegar aos leitores.
Uma das mais antigas no País é a do Clube dos Autores. A empresa conta com mais de 70 mil livros publicados e tem 40 obras novas por dia em sua plataforma.
“Hoje, o cenário é o melhor possível, por conta da crise no mercado editorial, que forçou as editoras a se repensarem. Antes, tínhamos editoras com grande controle e querendo cobrar dos autores. Isso não se sustentou e abriu espaço para a autopublicação”, explica Ricardo Almeida, fundador e CEO do Clube de Autores.
Apesar de toda a facilidade, Almeida afirma que não basta apenas conseguir publicar. É importante também que o livro chegue aos leitores. Para isso, o escritor tem que pensar além da história. “É preciso encarar o livro como um produto que vai para o mercado. É preciso revisar o texto, fazer uma capa bonita que desperte atenção e uma sinopse atrativa. Não é difícil, mas exige trabalho”, ensina.
Sucesso
No Clube dos Autores, o paulistano Thiago Fantinatti conseguiu colocar nas páginas de um livro o relato da viagem que fez de bicicleta, entre setembro de 2008 e novembro de 2009, passando por seis países da América do Sul. A aventura deu origem a Trilhando Sonhos, um dos títulos mais vendidos pela plataforma de autopublicação.
“Quando terminei de escrever o livro, não enviei o manuscrito e nem cogitei editoras tradicionais. Pesquisei pela internet e me interessei pelo modelo”, conta Fantinatti, que aponta como uma das vantagens não ter necessidade de se envolver com a operação logística do pagamento e da entrega do livro. “Já sobe o livro e sai vendendo”.
Ainda no Clube dos Autores, há a possibilidade do leitor comprar o livro digital ou a versão impressa, que é feita de acordo com a demanda do público.
Mais vendidos
A Amazon também tem sua ferramenta de publicação, a Kindle Direct Publishing (KDP), a plataforma mais popular no mundo. Entre os 100 livros mais vendidos pela multinacional, 30 deles vêm da autopublicação.
“Um autor autopublicável é, muitas vezes, um empreendedor. Uma dica que a gente dá é de ajudar na comunicação”, diz o gerente geral da Kindle Amazon Brasil, Alexandre Munhoz. Dependendo do tipo escolhido para publicação, a empresa paga até 70% dos royalties para o autor.
Hoje, a Amazon conta com mais de 100 mil títulos vindos do KDP. De acordo com Munhoz, um dos fatores que fez o número de obras aumentar foi a criação do Prêmio Kindle, que já está na quarta edição.
A vontade de publicar livros é tão grande que já existem mais de 40 plataformas e aplicativos com esta finalidade. Alguns, inclusive de editoras tradicionais, como o Escrytos, da Leya.
Fonte: A Tribuna