Fernanda dos Anjos Casagrande descreve em sua pesquisa como os acervos de documentos do movimento negro, em São Paulo, foram importantes para desconstruir ideias que predominam no senso comum, de que a população negra aceitou a opressão e a desigualdade passivamente
Texto por Antonio Carlos Quinto
Na entrevista desta quinta-feira (20) nos Novos Cientistas, a historiadora Fernanda dos Anjos Casagrande descreveu sobre a sua pesquisa de mestrado, desenvolvida na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, intitulada Acervos do movimento negro na cidade de São Paulo: um olhar para os registros da luta negra.
Com orientação do professor Ivan Siqueira, Fernanda analisou documentos referentes à luta negra do período de 1904 a 1969 na cidade de São Paulo. O objetivo foi discutir a guarda e preservação de documentos a partir de especificidades da tipologia documental preservadas em instituições de custódia. Além da preservação dos acervos, a pesquisadora também teve a preocupação de contar a história desses acervos e como eles foram parar em algumas instituições. “Esse trajeto ajuda a contar outra história do movimento negro e a refletir sobre como se deu a construção de um discurso estereotipado de subalternidade e passividade. A história desses acervos ajudam a desconstruir essa ideia”, descreveu a pesquisadora.
Fernanda analisou três coleções de documentos: a coleção Jornais Negros Brasileiros – 1904-1969, pertencente ao Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP; a coleção Imprensa Negra, presente no Arquivo Público do Estado de São Paulo; e o Fundo Clóvis Moura, sob a guarda do Centro de Documentação e Memória da Universidade Estadual Paulista – Cedem/Unesp. Com as análises, Fernanda traçou uma abordagem descritiva e crítica que pretende delinear o panorama das condições de acesso a documentos do movimento negro e perfazer a mediação aos acervos analisando, de um lado, a constituição de fundos e coleções, e de outro, as políticas vigentes de guarda, preservação e acesso.
Fonte: Jornal da USP