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HQs digitais já são uma realidade

Em sua coluna, Cassius Medauar dá início a uma nova série de artigos nos quais vai esmiuçar o universo das HQs digitais
Texto por Cassius Medauar

Depois da entrada e consolidação dos livros digitais no mercado brasileiro (apesar dos números de vendas digitais ainda serem pequenos), os quadrinhos não demoraram a começar a também dar as caras aqui e ali, e agora se tornam uma realidade crescente para muitas editoras do setor.

Mas, diferentemente dos livros, o digital já era, há muito tempo, uma grande alternativa para autores independentes de HQ mostrarem seus trabalho de forma gratuita na internet e arregimentarem seguidores. E, inclusive, muitos se tornaram tão grandes que sempre conseguem bater muitas metas em sites de financiamento coletivo, como o Catarse, para publicar as versões impressas desses quadrinhos. Mas isso é assunto para outra coluna.

Mesmo com essa diferença, as HQs digitais enfrentaram e ainda enfrentam os mesmo problemas dos livros digitais, os principais sendo: gente que acha que nunca vai conseguir ler no digital porque não é a mesma experiência, gente que acredita que o digital veio para matar o impresso e, ainda, muita gente que acha que o digital deveria ser de graça ou bem mais barato por não ter impressão e, como é “caro”, é melhor ler pirata.

Bom, quanto a primeira reclamação, é gosto pessoal e não tenho como discutir. Já a questão do digital matar o impresso vem sendo refutada com o passar do tempo, seja pelos impressos ainda estarem aí, firmes e fortes, seja pelos estudos que já estão saindo e mostrando que livros que têm versão digital acabam tendo a venda da versão física impulsionada (a Amazon diz isso, por exemplo). E especificamente nas HQs, que se trabalha com colecionismo, dificilmente os fãs não vão querer ter a edição física bonitona na estante ou comprar seu álbum autografado pelo seu autor favorito.

Em relação aos preços, existe muita desinformação, mesmo entre profissionais do mercado. Pessoas ainda acham que versão digital é apenas um arquivo PDF da versão física, quando na verdade é necessária uma conversão dos arquivos originais que, especialmente em HQs, devem deixar o resultado final com uma qualidade maior do que a física, pois as pessoas podem dar zoom no digital. Além disso, é preciso diagramar páginas duplas novamente e juntá-las. Existe distribuição digital igual a das edições físicas, em que as lojas ficam com uma boa parte do preço de capa. E, por último, o contrato das versões digitais licenciadas não é o mesmo da física, e os royalties digitais podem chegar a ser três vezes maiores do que da versão impressa.

Cada vez mais editoras estão entrando nesse mundo digital. O mercado tem alguns plataformas de quadrinhos ao estilo Netflix, sendo o Social Comics a mais famosa. Algumas editoras disponibilizam HQs gratuitas em seus websites (Jambô e Draco são dois bons exemplos), outras disponibilizam em sites como o Tapas (como é o caso da Balão Editorial com a série Hell no!), para depois lançar volumes impressos. E muitas entraram mesmo na venda de e-books. Dá pra se ter uma boa ideia olhando as listas de HQs digitais da Amazon.

Já fazia um tempo que eu queria escrever esta coluna, pois minha experiência com digitais na Editora JBC vem sendo muito boa e realmente acredito que livros e quadrinhos digitais são sim o futuro (na verdade já são o presente) e também são um dos bons caminhos que o mercado editorial tem para superar essa crise de distribuição sem precedentes.

Nas próximas colunas, entrarei mais nos meandros das HQs digitais, o que tem ou não funcionado, contarei mais do projeto JBCgoDigital e tentarei prever um pouco do futuro desse mercado.

Fonte: PUBLISHNEWS

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