Grupo Cevadas Literárias. Valdemir Mesquita, Arthur Monteiro Jr., Sinuhe LP, Cris Dezeiro, Ana Maria Machado, Meriza Alcides, MAria Cristina Oliveira, Mariana Alcarria, Fernanda Garcia, Rafaela Farias, Mônica Paes, Nathália Silva, Bruno Emanuel, José Renato Garrete e Patrícia Lima. Foto de: Aceituno Jr.

Literatura dia e noite

Bauru oferece boas opções de contato com a literatura em vários bairros, seja por meio de grupos literários itinerantes ou de espaços nas bibliotecas municipais

Texto por Marcele Tonelli

Grupo Cevadas Literárias.
Valdemir Mesquita, Arthur Monteiro Jr., Sinuhe LP, Cris Dezeiro, Ana Maria Machado, Meriza Alcides, MAria Cristina Oliveira, Mariana Alcarria, Fernanda Garcia, Rafaela Farias, Mônica Paes, Nathália Silva, Bruno Emanuel, José Renato Garrete e Patrícia Lima.
Foto de: Aceituno Jr.

Arte de compor escritos em prosa ou versos, a literatura é capaz de desenvolver nos leitores posição reflexiva e ativa diante da realidade. Mais restrita ao ambiente acadêmico antigamente, ela se popularizou por completo. Em Bauru, a literatura está presente não só nas escolas e bibliotecas e durante o dia, mas também em rodas de conversa e saraus à noite. Até na mesa do bar ela tem sido o assunto principal de um clube de leitura recém-formado. Nesta e nas próximas páginas, o JC traz exemplos de boas e gratuitas opções de contato com este universo na cidade.

CEVADAS LITERÁRIAS

Sarau Versos no Canto: Silvia Barduzzi (em memória), Maria José Ursolini, Lázaro Carneiro, Mariluci Pimentel, Mariangela Seabra, Edilaine Dantas, Jessica Mariah; atrás: Rosana Maria Souza e Reginaldo Furtado
Crédito: Divulgação

É no anoitecer que o trio composto por Patrícia Lima, 31 anos, formada em Letras, Bruno Emmanuel Sanches, 33 anos, formado em Ciências Sociais, e o psicólogo José Renato Garrote Teodoro, 39 anos, entra em ação. Desde maio do ano passado, eles coordenam um clube de leitura em Bauru, o Cevadas Literárias.

Como o próprio nome já indica, a informalidade é a regra da casa. Uma vez por mês, eles organizam encontros em diferentes bares da cidade para debater obras nacionais e estrangeiras. “É como um tipo de resistência ao academicismo. Queremos aproximar a literatura das pessoas, de uma forma humanizada, independentemente do que sejam e de onde elas estejam. E o ambiente do bar ajuda a quebrar essa formalidade”, explica Patrícia.

‘É SÓ CHEGAR’

Mesmo sem ler a obra indicada é possível participar do encontro. “Nada é obrigatório aqui, é só chegar”, diz Bruno, acrescentando que a ideia surgiu da paixão pela literatura e do desejo em levá-la para a noite boêmia bauruense. “Não realizamos saraus, como os clubes literários”, diferencia.

Expressão Poética: Joelma Marino, Eric Schmitt, Ana Maria Barbosa Machado, Daniel Rodrigo Mello, Regina Ramos, Criz Deziró e Mariluci Genovez
Crédito: Malavolta Jr./JC Imagens

Na última terça-feira, o Cevadas Literárias realizou seu 7.º encontro, o primeiro deste ano, no Bar da Rosa, na região da Vila Universitária. A obra em pauta foi “Capitães de Areia”, de Jorge Amado. Cerca de 20 pessoas, entre jovens e adultos, participaram.

Outros títulos como “Azul Corvo”, de Adriana Lisboa e “O Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa, já foram temas. As obras são escolhidas por meio de enquetes criadas na página do “Cevadas Literárias” no Facebook. É por lá, também, que o trio divulga as datas das reuniões. O próximo será 20 de fevereiro e a obra será “O Aleph”, de Jorge Luis Borges, às 20h, no Bar da Rosa.

Clubes literários têm atividades a todo vapor

Grupo Cevadas Literárias.
Na foto: Cris Dezeiro, Ana Maria Machado, Valdemir Mesquita, Mônica Paes, Fernanda Garcia, Mariana Alcarria, Nathália Silva, Bruno Emanuel, José Renato Garrete, Patricia Lima, Arthur Monteiro Jr. e Sinuhe LP.
Crédito: Aceituno Jr.

Além do Cevadas, outros dois grupos abertos são responsáveis por difundir a literatura por Bauru nos últimos anos: o Sarau Versos no Canto e o Expressão Poética. Formado há 5 anos, o Sarau Versos no Canto, coordenado, atualmente, por Maria José Ursolini, reúne talentos do mundo arte que ainda não possuem renome e que desejam compartilhar aquilo que produzem. Mensalmente, o grupo se apresenta no Teatro Municipal, bares noturnos, clubes, escolas e em pontos públicos de Bauru.

De sertanejo raiz ao sarau inclusivo, o grupo resgata os saraus comuns no século 19 com um toque de modernidade. “Uma novidade é o uso do realejo, um instrumento musical à manivela, marco antigo da cultura literária”, comenta Ursolini.

A 1.ª apresentação prevista para 2018 será em 16 março, às 20h, no Teatro Municipal. Para participar ou para mais informações ligue: (14) 98139- 0815 (Maria José).

EXPRESSÃO POÉTICA

Com início em 1999, o Expressão Poética também tem como objetivo difundir a literatura, além de divulgar poesias. Em sua trajetória, o grupo já se apresentou em saraus no Sesc, em projetos universitários, em bares noturnos, escolas públicas e particulares e até em uma sorveteria em Bauru.

Para o 1.º semestre de 2018, está prevista uma oficina de formação para reciclagem das produções e dos escritores. “Em maio, teremos o Festival Internacional Palabra En El Mundo em Bauru”, projeta Ana Maria Barbosa Machado, atual coordenadora.

A primeira apresentação do ano será em 24 de fevereiro, às 15h, no Bosque da Comunidade. Para participar do grupo ou para mais informações (14) 99664- 5143 (Ana Maria).

ABLetras em clima de jubileu de prata 

Membros da ABLetras durante posse da diretoria, presidida por Rosa Leda, em 2016
Crédito: Divulgação

Em 8 de julho, a Academia Bauruense de Letras (ABLetras) completa 25 anos. No mesmo mês ocorre a posse do novo presidente da entidade Eron Veríssimo Gimenes, que assume o cargo ocupado até então por Rosa Leda Gabrielli.

A entidade aceita a participação apenas de escritores, que têm as publicações submetidas à avaliação. Os eventos promovidos pela ABLetras, contudo, são abertos. Às terças-feiras, das 9h às 11h, na Estação Ferroviária, ocorre a Oficina da Palavra, que objetiva ensinar pessoas a como refinar textos. Sempre ao último sábado do mês, a entidade também promove palestras e apresentações musicais no local.

No Geisel, biblioteca vira ponto de encontro 

Biblioteca Ramal conta com mais de 100 sócios entre crianças, adultos e idosos, que frequentam as atividades do local quase diariamente

“Graças ao esforço da Neli, essa é uma biblioteca viva”, diz Patrícia Nakano
Crédito: Malavolta Jr.

Das sete bibliotecas ramais de Bauru, a do Núcleo Geisel é a que mais tem chamado a atenção nos últimos anos. Isso porque o local, de tão ativo, acabou se tornando ponto de encontro para crianças, jovens, adultos e idosos moradores tanto do Geisel quanto das imediações. Com mais de 100 sócios cadastrados, a unidade, coordenada pela agente cultural Neli Maria Fonseca Viotto, 50 anos, é frequentada diariamente por dezenas de pessoas, das 8h às 17h, e oferece um leque de atividades para o público.

Há quatro anos à frente dos trabalhos por lá, Neli, única funcionária do local, não para um minuto, seja em períodos escolares ou férias. Além da rotina de empréstimos e devoluções da biblioteca, que possui mais de 3 mil exemplares, ela atua ainda como contadora de histórias, professora nas oficinas de artesanatos, além de cuidar das crianças que frequentam a unidade, da qual também é responsável pela limpeza.

Acervo da Biblioteca Ramal do Geisel conta com mais de 3 mil exemplares; Neli Viotto cuida da rotina de empréstimos e devoluções e de todas as outras atividades realizadas no local
Crédito: Fotos: Malavolta Jr.

“Até chá da tarde ela faz e oferece para todos. Graças ao esforço da Neli, essa é uma biblioteca viva. E, por isso, está sempre lotada”, comenta Patrícia Nakano, 43 anos,moradora do Jardim Carolina. “Meus filhos sempre estão por aqui e isso é um alívio para mim, porque esse ambiente, além de cultural, é mágico”, acrescenta.

Marco Aurélio Octaviano, chefe da divisão de bibliotecas do município confirma. “A Neli tem um perfil diferenciado e tornou o lugar uma referência. Estamos tentando, através de cursos, cativar e motivar funcionários das outras bibliotecas também.”

‘LUGAR PREFERIDO’

Decorada de forma lúdica com bonecos e desenhos artesanais, a Biblioteca Ramal do Geisel abriga sala de leitura, de contação de histórias, brinquedoteca, de curso de teatro e espaços com oficina de fuxico e até de pintura e crochê. É um local que mexe com o imaginário de qualquer pessoa.

“Aqui é o meu lugar preferido, eu leio, brinco, faço novos amigos”, comenta Guilherme Souza Junior, de 11 anos. “Venho para cá quase todos os dias nas férias. Este lugar nos dá outras opções de diversão, que não ficar o dia todo no celular ou computador. Adoro me vestir e fazer shows para as crianças”, acrescenta Mariana Arques, de 11 anos.

Neli Viotto, agente cultural da Biblioteca Ramal do Geisel, cuida da rotina de empréstimos e devoluções da biblioteca e de todas as outras atividades realizadas no local

‘SEGUNDA CASA’

Além das atividades culturais, recreativas e educacionais com os frequentadores assíduos, a unidade tem parceria com duas escolas no bairro.

“Brinco que aqui é minha segunda casa e eles são os meus filhos. Amo esse lugar, a semana passa voando. Será triste quando me aposentar no ano que vem”, finaliza Neli.

“Meus filhos sempre estão por aqui e isso é um alívio para mim, porque esse ambiente, além de cultural, é mágico”, disse Patrícia Nakano, moradora do Jardim Carolina.

Aulas de pintura e crochê 

Rebeca Yohana Souza, Cleuza Maria André e Rafaela Letícia de Souza durante a oficina de fuxico, que acontece na Biblioteca Ramal Geisel durante a semana
Crédito: Malavolta Jr.

Mais do que espaço de desenvolvimento da leitura, escrita e imaginação, a Biblioteca Ramal Geisel também é local de aprender crochê, produção de bonecas de fuxico e pintura em tecido.

Todas as terças-feiras e quartas-feiras, das 14h às 17h, dezenas de mulheres se reúnem no quintal do imóvel para ensinar e aprimorar técnicas na confecção de peças artesanais.

“Trocamos experiências, jogamos conversa fora e comemoramos as aniversariantes do mês com festinha e tudo”, comenta Margarida Freitas, 57 anos, que frequenta o espaço há oito anos para aulas de crochê.

“As aulas de pintura e esse ambiente repleto de crianças me ajudaram a sair da depressão. É muito bonito o trabalho feito aqui, com certeza, tira muitas crianças da rua”, cita Cleusa Maria André, de 70 anos, que há três anos frequenta as aulas de pintura.

Quer participar?

As aulas de crochê e bonecas de fuxico acontecem de terça-feira, das 14h às 17h. As aulas de pintura ocorrem de quarta-feira, no mesmo horário. 

Brechó solidário

Além de todas as atividades durante a semana, a Biblioteca Ramal do Geisel abre todo segundo sábado do mês, das 9h às 15h, para brechós solidários. Neste dia, o local recebe e oferece doações de roupas e livros. E a brinquedoteca permanece aberta durante o evento.

Cidade tem acervo com 62 mil títulos 

A literatura nacional mais emprestada é “Vidas Secas”, seguida por títulos esttrangeiros do escritor Nicholas Sparks

Diretor da divisão de bibliotecas municipais, Marco Aurélio Octaviano mostra as obras literárias mais emprestadas na cidade atualmente
Crédito: Malavolta Jr.

A divisão de bibliotecas municipais possui, atualmente, um acervo de 62.463 títulos e 82.191 exemplares, distribuídos entre a Biblioteca Central Rodrigues de Abreu e as sete Ramais, que são as existentes em alguns bairros da cidade. Mais movimentada de todas, a unidade central, que fica lotada no Teatro Municipal, registra 1,2 mil empréstimos de livros por mês, sendo que o título mais queridinho dos leitores, curiosamente, é o “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos. Na sequência, aparecem os títulos estrangeiros, responsáveis por 60% do total de empréstimos. As obras do escritor Nicholas Sparks, por exemplo “O melhor de mim”, são as preferidas.

“Temos vários livros exemplares, mesmo assim é difícil o dia em que eles não estão emprestados”, detalha Marco Aurélio Octaviano, diretor da divisão de bibliotecas municipais.

Mais movimentada de todas, a Biblioteca Rodrigues de Abreu, que fica lotada no Teatro Municipal, registra 1,2 mil empréstimos de livros por mês
Crédito: Malavolta Jr.

30% JOVENS

Atualmente, 30% do público que frequenta a biblioteca Central é formado por jovens e o restante se divide entre adultos, idosos e crianças.

“A tecnologia diminuiu a procura por enciclopédias físicas nos últimos anos, mas, por outro lado, aumentou a busca por títulos da literatura”, ressalta Marco.

Há dois anos, a ala infantil foi reformada, ainda assim registra menor frequência do que a Biblioteca Ramal do Geisel. Também na unidade Central, a Gibiteca, que possui sozinha 15 mil exemplares, foi uma das repartições mais frequentadas por lá, mas permanece inativa há 3 anos por problemas decorrentes da infestação de cupins.

Ala infantil da Biblioteca Central Rodrigues de Abreu, no Teatro Municipal, espaço foi reformado há dois anos; Gibiteca segue desativada
Crédito: Malavalta Jr.

“Ela foi reformada recentemente, e parte equipamentos e mobiliários já foi adquirida, mas ainda faltam pinturas e lâmpadas”, frisa Marco.

OUTROS PROJETOS

Além das unidades fixas, a Secretaria Municipal de Cultura oferece durante todo o ano atividades como contação de histórias e oficinas lúdicas aos alunos da rede municipal, estadual e privada. A pasta disponibiliza um servidor que vai diretamente às escolas para realizar essas atividades com as crianças.

E O BIBLIÔNIBUS?

Antigamente, Bauru contava com um Bibliônibus, uma espécie de biblioteca itinerante, que percorria bairros da cidade e estacionava em eventos como forma de ampliar o acesso à literatura. Em 2007, o veículo foi reformulado e voltou à ativa com 1,2 mil livros e quase 2 mil sócios cadastrados, mas em 2010 o projeto acabou desativado. “Temos a ideia de montar uma banca volante de trocas de livros, mas é apenas uma proposta por enquanto”, finaliza Marco.

SERVIÇO

Qualquer cidadão pode emprestar livros nas bibliotecas municipais. O máximo é de 4 livros por 20 dias, sendo possível renovar a permanência por mais 15 dias.

Fonte: Jornal da Cidade

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