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Mãe escreve livro e transforma filha com vitiligo em heroína: ‘É especial’

Texto por George Corrêa

Mãe montou livro para ajudar filha a lidar melhor com o vitiligo. — Foto: Bia Bastos
Mãe montou livro para ajudar filha a lidar melhor com o vitiligo. — Foto: Bia Bastos

A designer gráfica Tatiane Santos de Oliveira usou a criatividade e fez um livro onde a filha Maria Luiza, de sete anos, é a grande heroína da história. O objetivo foi fazer com que Maria Luiza, que tem vitiligo, aprenda a lidar melhor com a doença que não tem cura. Moradora de Peruíbe, no litoral de São Paulo, Tatiane explica que a filha descobriu o vitiligo quando tinha três anos, logo depois que ela ficou grávida do segundo filho.

Depois do susto, a designer contou ao G1 que pensou em formas de deixar o assunto mais leve em casa. “A gente contornava as manchinhas com canetinhas, descobrindo formatos divertidos”, afirma. “Meu papel como mãe era deixá-la confortável e forte com a situação. Conforme ela foi crescendo, ela começou a gostar muito de livros. Fui procurar algum que tivesse um personagem com vitiligo e, na minha pesquisa, não achei nada”.

Como trabalha com diagramação, a designer relata que teve a ideia de fazer um livrinho para a filha: “A Menina Feita de Nuvens”. Ela fez o texto, as ilustrações e o projeto. Na publicação, Maria Luiza é uma heroína que tem um segredo e um poder especial. “Mostrei o livro para alguns amigos, que gostaram muito e me incentivaram a procurar uma editora”, explica. “A ideia ficou um ano parada, quando a Editora Estrela resolveu publicar. Então, posso dizer que isso tudo foi um acidente”, ri Tatiane.

O resultado foi acima do esperado. O livro entrou na Bienal do Livro de São Paulo de 2018 e Tatiane diz que recebe muitas mensagens pelas redes sociais, de pais que vivem a mesma situação. “É um retorno maravilhoso. A Maria Luiza gosta muito do livro, ela ama as manchinhas dela e lida muito bem com isso. Até meu filho mais novo faz manchinhas na perna dele. Ele mudou o olhar”. Ainda segundo Tatiane, os amigos da escola da filha, que leram o livro, ficaram olhando o próprio corpo para ver se tinham manchinhas também. “A própria criança quer levar o livro para a escola e mostrar que ela é especial”.

Atualmente, Tatiane diz que faz o possível para o livro chegar às escolas. “Visito algumas escolas para fazer a leitura do livro por minha conta mesmo e acabo deixando um livro na biblioteca para despertar o interesse para o assunto. A maioria das pessoas desconhecem essa doença, ainda existe muito preconceito, algumas pessoas acham que é contagioso”, explica.

Maria Luiza, de 7 anos, virou heroína no livro "A Menina Feita de Nuvens", criado pela mãe. — Foto: Arquivo pessoal
 Maria Luiza, de 7 anos, virou heroína no livro “A Menina Feita de Nuvens”, criado pela mãe. — Foto: Arquivo pessoal

Vitiligo

O médico Roberto Debski explicou ao G1 que o vitiligo é uma doença autoimune, onde as células de imunidade do corpo atacam os melanócitos, que produzem a melanina. A melanina é a responsável por dar cor à pele, pelos, cabelos, barbas, cílios e outros. Quando atacadas, deixam de produzir, surge a falta de pigmentação e as manchas aparecem.

Debski reforça que o vitiligo não é uma doença contagiosa. Pode ser causada por estresse, fatores hereditários ou excesso de luz solar. “Ela se manifesta na pele, em diversas regiões do corpo e, embora não tenha cura, possui tratamentos que buscam diminuir a incidência das manchas”, explica. Um dos mais utilizados é com radiação ultravioleta (UV), mas os resultados são pequenos, demoram e dependem muito de fatores individuais de cada paciente.

O médico ainda ressalta que o surgimento do vitiligo pode indicar a presença de outras doenças autoimunes. “É sempre indicado que o paciente faça exames para identificar outras possíveis doenças autoimunes. Quando a pessoa tem a predisposição ao vitiligo e ele se manifesta, pode estar com alguma outra coisa sem saber”, explica. Por não ser contagiosa, os efeitos mais significativos da doença são psicológicos. “Não traz riscos à vida, nem para a saúde. Mas às vezes o fator da aparência pode desencadear problemas como depressão ou ansiedade e o tratamento psicológico nesses casos é muito importante”, finaliza.

Maria Luiza faz desenhos com manchas provocadas pelo vitiligo. — Foto: Arquivo pessoal
Maria Luiza faz desenhos com manchas provocadas pelo vitiligo. — Foto: Arquivo pessoal

Fonte: G1 Santos

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