Página inicial / Literatura / Produção literária LGBT cresce com apoio de eventos e pequenas editoras

Produção literária LGBT cresce com apoio de eventos e pequenas editoras

Está em fase de preparação uma feira de livros que vai integrar a Semana da Generosidade, a ser realizada entre os dias 22 e 25 de outubro

Texto por Carlos Andrei Siquara

rainbow-flag-4426296_1920.jpg
Foto: Pixabay

A primeira antologia de textos que contemplam personagens homossexuais foi organizada por Gasparino Damata em 1967. Com o título “Histórias do Amor Maldito”, a obra apresentou escritos de Dalton Trevisan, Alcides Pinto, Dinah Silveira de Queiroz e Nélida Piñon, entre muitos outros autores. De lá para cá, surgiram mais iniciativas semelhantes, como “Poesia Gay Brasileira” (2017), organizada por Marina Moura e Amanda Machado, e “Orgulho de Ser” (2018), editada por Thati Machado. As duas últimas diferem-se da primeira por contemplarem também autores novos, entre eles lésbicas, gays e transexuais, cujo olhares conquistam espaço atualmente em editoras e eventos literários.

“Orgulho de Ser”, por exemplo, foi lançado durante a Bienal Internacional do Livro de São Paulo e surgiu a partir de um concurso que superou a expectativa inicial do número de inscritos. “Nós esperávamos algo em torno de 200 textos e recebemos mais de 800”, conta Thati, que é escritora e editora. No fim deste ano, ela antecipa: vai haver um nova chamada, desta vez para uma antologia a ser publicada em 2020. “Nós queremos contemplar novos autores da cena literária LGTBQI+ e, assim, abrir mais oportunidades para eles”, completa a editora.

Marina, a convite do Sesc Santo Amaro, em São Paulo, também está em fase de preparação de uma feira de livros que vai integrar a Semana da Generosidade, a ser realizada entre os dias 22 e 25 de outubro. Sua missão tem sido encontrar autores e editoras cujos trabalhos propõem dar visibilidade para esses grupos tidos como minoritários. Desde a feitura de “Poesia Gay Brasileira”, a jornalista, escritora e diretora nota uma expansão dessas perspectivas no cenário literário.

“Não só eu percebo que estão entrando mais autores e autoras que têm criado suas obras de forma independente, como têm surgido também pequenas editoras com foco segmentado, como a Padê Editorial, a Brejeira Malagueta e a Vira Letras, que publicam autoras lésbicas”, lista.

Nívea Sabino, que é poeta e uma das curadoras do Festival Literário Internacional de BH (Fli-BH) – a ser realizado a partir do dia 25 –, teve seu trabalho contemplado no volume “Poesia Gay Brasileira” e identifica nesse movimento o interesse de criar um espaço de trocas. “É uma forma de nos colocar em conexão e de criar a possibilidade de construção para além do mercado editorial oficial. Nesse sentido, essas iniciativas nada mais são do que o interesse de essas pessoas conceberem seus próprios espaços, criando elas mesmas um mercado em que essas novas narrativas possam circular e ser fomentadas. Para os LGBT, essa é uma forma, inclusive, de eles conseguirem existir sem terem que esperar para que as editoras façam o convite para essas publicações serem lançadas”, completa ela.

A escritora, professora, especialista em literatura e travesti Amara Moira é outro nome que vem tendo maior projeção desde o lançamento do livro “E Se Eu Fosse Puta” (2016), que se tornou emblemático da presença dessas vozes no ambiente literário. “O meu livro foi um dos primeiros a entrar nas grandes livrarias e causou um bafafá, apesar do título. Nós estamos pensando, inclusive, em mudar o nome, por conta dessa tensão toda, para que ele possa entrar cada vez mais em outros espaços. Se nossos corpos não chegam a determinados lugares, eu espero que ao menos nossas palavras cheguem e comecem a abrir espaço e, assim, consigam preparar o público e a sociedade para aprenderem a conviver conosco”, pontua Amara, que, atualmente, está pesquisando as obras publicadas por autores trans desde os anos 70.

Fique atento

A feira de livros centrada em obras de escritores LGBT, a ser realizada durante a Semana da Generosidade, no Sesc Santo Amaro, em São Paulo, ainda pode receber inscrições de editoras e autores interessados em participar do evento. Contato abaixo: editorial@amarelograo.com.br

Fonte: O Tempo

Sobre admin

Check Also

Nota de Falecimento

O Conselho Regional de Biblioteconomia 8ª Região expressa seu pesar pelo falecimento do prefeito do …

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *